Apenas um pode sair vivo
Survive game, um gênero que é fonte sempre para as ideias mais distorcidas e brutais. Creio que todos os fãs de cultura pop já tiveram contato com alguma obra desse gênero e, talvez, tenham alguma obra assim como sua favorita.Hoje irei falar de uma que, provavelmente, é a principal do gênero para quem é fã. Senhoras e senhores, sem mais delongas, hoje é dia de falarmos de Battle Royale. Preparem suas armas e vamos lá.
Sinopse (via Mangá host):
No Japão, num futuro próximo, é criado pelo estado, O Programa, um game show televisionado, onde turmas do primeiro ano do ensino médio são escolhidas para passar três dias numa ilha chamada Okishima, que só tem uma regra: Só um deve sobreviver, caso contrário todos são mortos. Sendo assim, as amizades devem ser jogadas no lixo, e os estudantes devem matar seus amigos e colegas para sobreviverem, prevalecendo a lei da sobrevivência do mais forte. Logo no inicio podemos presenciar a cena de uma garota que concluiu o programa, totalmente ensandecida.
Considerações Iniciais (Introdução à loucura):
Escrito por Koushun Takami, Battle Royale foi
publicado em abril de 1999 como livro e logo de cara o livro já gerou polêmica
devido a seu conteúdo e a violência apresentada no decorrer do livro. Mesmo
polêmico o livro foi um sucesso comercial no Japão, chegando a marca de 1
milhão de cópias vendidas.

Já no âmbito de mangás tivemos 3 séries de
mangás: Battle Royale, Battle Royale 2: Blitz Royale e o Spin-Off: Battle
Royale - Angels' Border. Os mangás Battle Royale e o Angels' Border já saíram
no Brasil, o primeiro em idos de 2006 pela Conrad e foi concluído com 15
volumes publicados, mesmo aos trancos e barrancos (devido à crise que afetou a
Conrad), já o Angels' Border foi publicado recentemente pela New Pop, com uma
qualidade bem bacana. O Blitz Royale só por meio de scanlators.
Vale a menção que, com exceção dos filmes,
todas as obras relacionadas à Battle Royale tiveram o envolvimento do Takumi
nos roteiros. Isso é bom, por tornar o universo da série mais coeso e
explicado.
Antes de seguirmos, aviso que pode haver
pequenos spoilers da obra e que a resenha se divide em duas: Uma sobre o livro
em si e outra sobre o Spin-Off Angels' Border. Sabendo disso, vamos prosseguir.
Battle Royale: Conceito em survive game

Creio que a palavra forte não define todo
contexto o Takumi nos passa em sua obra. Nela ele explora uma sociedade que
está em uma situação delicada e que necessita de freios para a juventude que, a
cada dia mais, está sem controle e sempre faz de tudo para provar que podem
mais que os órgãos governamentais, que por sua vez desenvolveu um método que
cesse qualquer chance de rebelião, esse meio é o “jogo” ou “experimento”.
"E antes que me esqueça: há um limite de tempo. Ouçam bem. Um limite de tempo. Os estudantes vão morrendo aos poucos no Programa, mas se no final de vinte e quatro horas não houver nenhuma morte, o tempo regulamentar se encerra, não importando quantos estudantes sobraram… O computador entrará em ação e detonará a coleira de todos os estudantes remanescentes. Não haverá vencedor."
O Experimento consiste em mandar uma classe
escolhida por sorteio para a ilha e lá as regras são simples: 42 alunos e só
pode sobrar um. Óbvio que tem regras o jogo, uma delas é que se passar o prazo
de 24 horas sem mortes, todos morrem; se pisarem em quadrante proibido fim de
jogo e se desrespeitarem as regras as coleiras explodem. Tudo pode parecer bem
simples, mas não é tão a Deus dará assim, pois tudo é explicado antes do início
do jogo e todos os alunos sabem que precisam fazer se quiserem voltar para suas
famílias. Escolhas difíceis, medidas extremistas.
E é nesse mundo canis extremista que o autor
nos coloca a par de todos os 42 alunos, tal qual nos coloca próximos aos dramas
que os mesmos passam, assim como explora bem os conflitos que muitos possuem
nessa questão de matar ou não, pois querendo ou não, todos têm que seguir as
regras, casos contrários morrerão. Claro que há aqueles que não querem jogar e
acabam por apelar para parceiras e afins, mas em muitos casos o final acaba por
ser doloroso.
"Não se preocupe com coisas que não dependem de você. Faça o que está a seu alcance mesmo que as probabilidades de sucesso sejam inferiores a um por cento".
No âmbito do jogo e do pensamento vou jogar e
não vou jogar, temos nosso protagonista, Shuya Nanahara que é o típico
protagonista boa pinta que deseja sempre o bem de todos. Ele é um personagem
que junto a Noriko Nakagawa e Shogo possuem um desenvolvimento perfeito, na
medida do possível, pois neles é que o autor joga os maiores dilemas, em
especial em Shuya, porque ele é um herói, no melhor sentido da palavra; quer
salvar a todos custe o que custar e isso faz, em muitos momentos, ele sofrer
pelas consequências das escolhas feitas. Já Noriko e Shogo funcionam como
suportes para ele, porém possuindo um brilho próprio que dá um gosto a mais a
obra em um todo.

Falando um pouco sobre a edição brasileira,
posso dizer que ela está em uma produção impecável. É algo raro de se ver em
livros que podem acabar tendo pouca viabilidade nesse mercado que é o de
livros. Cabe a menção que todo livro foi traduzido direto do Japonês, assim
como que as contracapas possuem o mapa da ilha e os quadrantes proibidos.
“- Você é louco – ele disse. – Você está fora do seu juízo! Como pode ser assim? – Ele estava quase soluçando. – Um sistema deve ser algo conveniente ao povo. Não devemos ser escravos de nosso próprio sistema. Se você acha que esse país faz sentido, você é um retardado. ”
No Geral, para não me estender demais, o livro
é ótimo e vale a procura e a leitura dele. Se você conseguir lê-lo com um bom
rock, ele ficará ainda melhor. Óbvio que nesse ponto omiti muitas coisas que
poderiam aguçar mais sua leitura, mas quero que você leia e sinta toda crítica
que o Takumi nos impôs. Porque ele sabe como fazer você ver o mundo do jeito
dele e, acredite, o jeito dele é perturbador. Super recomendado para quem curte
survive game.
Battle Royale Angels’ Border: Inocência em meio ao desespero
Esse é um Spin-off que pode ser resumido como
um complemento para o livro. Ele complementa, mais precisamente, a passagem do
Farol e das meninas que lá estavam e o faz de modo magistral, dando todo peso
necessário para que tudo seja entendido.
A obra é dividida em dois atos focando em
personagens diferentes. O primeiro deles é focado na representante de classe,
Yukie Utsumi e Haruka Tanizawa, mais precisamente focada nos sentimentos que a
Haruka nutre pela Yukie. Mesmo sendo segredo isso, ela se mostra uma apaixonada
que torce pela pessoa amada, mesmo sabendo que ela gosta de outra pessoa. Todo
esse plot é bem trabalhado e explorado, nos fazendo conhecer mais de
personagens que nos foram apresentados bem rasamente.
Já o segundo ato se foca na Chisato Matsui e
nos seus sentimentos pelo Shinji Mimura. Nele é mostrado como ela começou a
gostar dele e explora bem a relação não concretizada dos dois. Aqui o Takumi
soube nos mostrar que o amor é algo que nem sempre vai ser escancarado e mesmo
assim pode ser bonito.
Vale menção ao fato que a obra se passa em
dois tempos, no passado e no presente. Logo é uma obra puramente indicada para
quem já teve contato com o livro ou com o mangá original, pois caso contrário
existe um imenso risco de você se perder na leitura e receber spoilers.
A versão brasileira ficou a cargo da NewPOP e
teve uma tradução bastante competente que soube dar uma fluidez legal no texto
e é um texto gostoso, não algo truncado. Cabe a menção de que além dos
capítulos desenhados, o mangá traz o roteiro escrito nele. É uma ótima pedida
para quem quer saber mais sobre as meninas do farol e se aprofundar mais na
história.
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