“É doloroso ser
aquele que espera? Ou é mais doloroso ser aquele que faz os outros esperarem? ”
E aí gente, tudo
tranquilo? De coração espero que sim.
Bem, demorei muito, mas
eis aqui eu de volta com essa série de reviews que está chegando ao seu fim. É
triste? Sim, mas não se preocupem que ainda temos chão a percorrer até o último
ato. E hoje é dia de falarmos sobre outra obra de Osamu Dazai, porém essa é uma
obra mais feliz e mais animada que sua predecessora.
Então se acomodem, peguem
seus chás e vamos falar sobre “Hashire, Melos”. Vamos falar sobre amizade e
confiança.
Considerações Iniciais
Considerações Iniciais
Os
episódios de “Hashire, Melos” foram exibidos nos dias 5 e 12 de dezembro de
2009 (ano que a série foi exibida no Japão), e são os episódios de número 9 e
10 da cronologia do animê. O roteiro desse episódio foi assinado por Sumino
Kawashima, que soube criar um roteiro bem divertido e intenso em cima de um
conto de Osamu Dazai; além dele assina a direção Ryosuke Nakamura e a trilha
sonora ficou à cargo de Shusei Murai, sendo que o compositor trabalhou apenas
nesses episódios. Assina o character design dos personagens Takeshi Konomi
(autor de Prince of Tennis), que fez um design bacana para os personagens e
soube deixar sua marca de uma maneira única.
Vale
menção que a obra (tanto a original, quanto a de Dazai), já receberam inúmeras
adaptações para outras mídias, tendo até filmes; mas o foco aqui será,
exclusivamente os episódios do animê.
Como
eu disse anteriormente, “Hashire, Melos” (Ou “Corra, Melos”) foi,
originalmente, uma história curta criada por Osamu Dazai tendo como base o
conto de mesmo nome. O conto narra a história de Melos, um jovem que é preso
injustamente e pede para que o rei lhe solte, pois precisa ir no casamento de
sua irmã. O rei, que de todos desconfia se nega, dizendo que ele não voltará se
for solto. Para resolver o impasse Serinuntius, amigo de Melos, aceita ficar em
seu lugar para que o jovem possa celebrar o casamento de sua irmã. Desse modo o
rei aceita que Melos vá, desde que volte em três dias, caso não volte o rei
matará seu amigo. E é assim todo plot da história de um modo simples, pois o
foco é o retorno de Melos, e a ideia de ter confiança no amigo.
Hashire, Melos!
O
plot do animê segue, basicamente, o conto de Dazai e narra a história de
Takada, um escritor que recebe o pedido de adaptar o conto “Corra, Melos” em
forma de peça teatral. Enquanto faz a roteirização ele começa a se lembrar de
seu passado e de seu amigo Joushima. No decorrer dos episódios conhecemos mais
sobre esse passado, sobre essa amizade e sobre a promessa que motivou Takada a
se mudar para Tóquio.
Aliás,
acredito que promessa, amizade e confiança devam ser as palavras chaves desses
episódios, pois são esses os focos gerais e, a pergunta chave da obra entrega
isso, afinal “É doloroso ser aquele que espera? Ou é mais doloroso ser aquele
que faz os outros esperarem? ”. Essa pergunta nos é martelada ao longo de 44
minutos, enquanto vemos o personagem principal lutando contra seu passado para
escrever um roteiro que carregue o espírito do conto de Melos; pois ele lutou
contra tudo e todos para cumprir aquilo que prometeu, ele fez alguém importante
esperar e viver na incerteza sobre sua vida, e Takada não sabe como fazer isso
sendo que se sente traído por seu amigo. Se sente destroçado por ter esperado
anos, por ter confiado e ver sua confiança quebrada.
Cabe
até um parágrafo mais específico para essa crítica da obra, pois ela se presta
a mostrar como nossa confiança é algo frágil, mais do que isso, ela mostra o
quão frágeis ficamos com uma quebra de confiança, com uma promessa não
cumprida, isso quando nos é prometido algo. Quando somos nós que prometemos, ou
quando nós que esperamos essa confiança, podemos querer, muitas vezes sucumbir
a quebrar nossa palavra, pois o caminho será difícil, mas ainda sim, uma hora
será resolvido e, tudo pode acabar bem, ou não; mas mesmo quando não acaba bem,
tem seus motivos. Dazai, mesmo em seu melhor momento de vida, deixa esse toque
para nós em aberto, pois é doloroso quando esperamos, porém, também sentimos
dor quando fazemos alguém esperar, em especial quando não sabemos se poderemos
cumprir a promessa que fizemos.
Essa
crítica se estende pelos dois episódios que alternam, de maneira brilhante,
entre os pensamentos de Takada e trechos da aventura de Melos. É algo que
funciona muito bem e nos faz analisar nosso próprio modo de vida. Takada é
claramente aquela pessoa que se ressente por seu amigo não ter cumprido com sua
promessa, não ter sido digno de sua confiança e crença, você nota a mágoa que
ele carrega por ter ido para Tóquio sozinho e por ter vivido lá sem aquele amigo
que lhe prometeu suporte, mesmo que ele esteja com uma vida estável, ele ressente
pelo que ocorreu e isso é bem demonstrado de uma maneira clara e desenvolvida
com maestria.

Considerações Finais
Admito
que após terminar de ver os dois episódios que correspondiam a essa obra fui
pesquisar mais sobre o conto original, e o final é bem bonito. Não vou entrar
no mérito de nenhum dos finais, nem do conto original e nem o do animê aqui,
mas posso dizer que a lição passada é bonita. Mais do que isso, ela é genial,
tocante e merece ser disseminada, até por ser uma coisa simples, mas que não
notamos.
No
fim, “Hashire, Melos” é único por carregar uma mensagem igualmente única para
os dias de hoje. Engraçado que apesar de “Sakura no Mori no Mankai no Shita”
ser a obra mais colorida e de tom mais animado, “Hashire, Melos” é a obra que
carrega a maior positividade e mensagem feliz até aqui. Mais que recomendada
para todas as pessoas, e depois de assistir leia o conto original para ver como
termina a jornada de Melos, pois ele correu para cumprir aquilo que prometeu.

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