Um conto para crianças não tão infantil
Na
vida carregamos à máxima: “tudo que se planta, colhe”, e essa acaba sendo uma
verdade universal, pois não podemos plantar milho esperando colher feijão; tal
qual não podemos esperar colher amor plantando ódio. É necessário que saibamos
que tudo o que fazemos tem consequências e pode acarretar punições ou
bonificações.
Enfim,
é com esse pequeno monólogo que inicio esse review. É o penúltimo da série e de
certo modo um dos únicos que, na versão original (leia-se na obra base), tinha
como foco o público mais jovem, pois é um conto que foca bem essa questão
passada acima.
Em
todo caso, sentem-se e vamos falar sobre “Kumo no Ito”.
Considerações Iniciais:

O
animê é baseado no conto, de mesmo nome, da autoria de Ryunosuke Akutagawa.
Nascido em 1 de março de 1892, ele era considerado “o pai do conto japonês”, tendo
sido o criador de diversas histórias nesse estilo, porém nem tudo são flores e
ele se suicidou em 24 de julho de 1927.
Kumo no Ito
Sendo
objetivo: a história do animê se foca em Kandata, um bandido famoso que apenas
planta desgraças por onde passa. Ele mata, rouba, esquarteja e tudo com o
máximo possível de crueldade apenas visando ver suas vítimas sentirem medo ao
vê-lo ou ao ouvirem seu nome. No meio de toda essa matança, ele é ferido e se “esconde”
visando se recuperar; nesse esconderijo ele poupa a vida de uma aranha, por
alegar que está não o teme.
Após
tudo isso ele é capturado, executado e vai para o inferno. No inferno, perto de
enlouquecer, Buda lhe concede uma teia de aranha para que ele escape do
inferno, ele tenta subir, porém todos os mortos que lá estão também anseiam espaçar
por aquela teia. No fim, ele caiu, pois a teia se arrebentou com o peso.
Bem,
acabei fazendo um resumo (meio ruim) de tudo que ocorre em 22 minutos de anime e
tudo que ocorre no conto, porém não expliquei demais como se desenrola tudo,
até porque o conto você já deve ter ouvido em algum animê ou mangá, uma vez que
costumam menciona-lo vira e mexe (Se não me engano já ouvi esse conto em Air
Gear, mas posso estar equivocado). Ele costuma ser muito utilizado para mostrar
a lição, exatamente, da ação e reação, da ganância e até mesmo do plantar e
colher.
Veja
bem, a história é focada em alguém que, em toda sua vida, só soube fazer o mal
e só soube cometer crimes, e ele não fazia isso por necessidade ou algo do
gênero... ele fazia por prazer e diversão. Viveu assim, até seu último minuto,
quando foi executado e a única vida poupada foi a da aranha. A lição de moral
aqui passada é sutil, porém objetiva, pois no final todos vamos morrer, mas
antes disso a vida vai nos cobrar o preço de nossas ações, até porque o Kandata
não era fácil de ser capturado e só o foi por ter sido ferido de surpresa;
deixando mais claro, ele recebeu pelo mal que fez.
Depois
de executado, já no inferno, tudo que ele pôde fazer foi ver o seu castigo
chegar. Chegando as vias de enlouquecer, e se ver sendo morto por ele mesmo;
mais do que isso, ele via aqueles que foram mortos por ele. Tudo isso em um
cenário digno de Madoka, de tão psicodélico e perturbador. Ok que muitas
pessoas não acreditam no inferno, mas se ele existir e for como representado
nessa animação, todo castigo é enlouquecedor, acredite. E é no inferno que ele
recebe uma “benção” por seu único ato de bondade em vida, é lá que surge a teia
da aranha. Teia está que pode salvá-lo, uma vez que aguenta o peso de seu
corpo.
Cabe
aqui aquela reflexão, repetitiva, por que ele mereceu a execução e tudo de ruim
que lhe anteviu, porém a chance que a teia concedeu também foi merecida, pois
ele poderia sim ter matado a aranha, mas não o fez e isso foi uma boa ação, de
certo modo. E, talvez ele tivesse conseguido sair dessa, se não fosse pelos
mortos que subiram na teia e fizeram-no revelar seu egoísmo. Logo fica
entendido que, no final das contas, ele não era realmente digno daquela boa
ação; o condenando de vez ao inferno.
A
animação desse episódio é bem feita, porém apresenta alguns momentos de
oscilação de qualidade. O que fica nítido, pois em certas cenas você nota a
qualidade mais desleixada, porém não atrapalha. Destaque fica, realmente, para
as cenas no inferno que ficaram muito bem feitas, deixando o próprio espectador
meio “surpreso” com o visual imaginado para o local de tormento eterno.
Considerações finais:
Esse
episódio, em um âmbito geral traz mais uma crítica. Não apenas a sociedade
geral, mas para o que fazemos no dia a dia, pois nada passa impune na vida e
tudo que fazemos terá consequências, quer sejam boas, quer sejam ruins. Logo
cabe a nós fazermos nosso melhor e, nos esforçarmos, para não plantar coisas
ruins em nossas vidas, porque os frutos não são bons.
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