“É preciso conhecer a escuridão e ir além”
Sendo a pessoa mais
honesta do mundo, devo admitir logo nas primeiras linhas desse texto que sou o
redator/editor mais lerdo do mundo. Ponto. Não que isso venha ao caso na pauta
de hoje, porém é preciso que eu diga isso e explique; pois bem, vamos lá: Devo
confessar que esse OVA já estava baixado no meu HD externo desde que saiu,
porém eu não consegui assisti-lo antes por inúmeros motivos (desde eu não
querer assistir a continuação de algo que comecei assistindo com minha ex, até
o fato da vida corrida pacas... é foda ser adulto).
No fim, eis que na sexta
que passou saiu o terceiro OVA e, após ver algumas imagens, decidi baixa-lo,
tomar vergonha na cara e assistir esse que estava já empoeirando no meu HD (é
preciso tomar vergonha, seguir adiante até nas coisas que achamos que doerá). E
após 1h30min passei a me perguntar o porquê de eu não ter assistido esse OVA
antes.
OBS: Irei manter os nomes
como são no Brasil por maior identificação. Espero que compreendam
Considerações Iniciais (Ou explicações que você já sabe!)
Digimon Adventure Tri:
Ketsui (determinação) saiu, no território nipônico, em 12 de março de 2016 e
contou com a mesma equipe de produção de seu antecessor; possuindo, também,
suas 1h36 min; que compila 4 episódios como um filme. Inicialmente exibido nos
cinemas japoneses, o OVA foi lançado em DVD e Blu-ray por lá; já por nosso
território, ele foi disponibilizado pela Crunchyroll no mesmo dia que teve sua
exibição nos cinemas do Japão.
Ketsui: Determinação (Ou, como superar a escuridão nos faz crescer)
Primeiramente, esse
segundo OVA é tão acertado quanto o primeiro. Mais do que isso, ele funciona de
modo tão orgânico, tal qual seu antecessor e faz, mais ainda, que você aceite
que aqueles personagens cresceram e estão tendo problemas de um cotidiano
adulto, mesmo que ainda precisem carregar o fardo de serem as crianças
escolhidas. É algo que fluiu bem no primeiro; ali conseguiu ser construída uma
base que esse filme desenvolve, mais do que isso, ele amadurece ideias, as
torna mais reais, mesmo que ainda não nos entregue tantas respostas assim.
Nesse filme temos como foco,
em especial, Joe e Mimi. Aqui vemos um pouco mais sobre as personas de ambos,
mais precisamente sobre como o Joe se distancia de todos, enquanto a Mimi apenas
se mantém a mesma de sempre (o que não é algo bom, diga-se de passagem; apesar
do enfoque do filme ser, em especial os dois, também temos espaço para
conhecermos um pouco mais da Meiko (bem pouco mesmo) e um tempo para vermos que
o Tai e o Matt continuam no desentendimento devido ao ocorrido no primeiro OVA.
Fora tudo isso, ainda conseguimos descobrir a ponta do iceberg sobre o vírus
que assola do digimundo, assim como tivemos a presença do Ken nesse episódio.
Além de tudo isso, também
devo admitir que todo mistério aqui apenas segue sem nos dar tanta resposta
assim, na realidade... não temos nenhuma resposta que, realmente, seja útil.
Apenas ficamos com aquelas possibilidades minguadas e tudo fica relegado a ser
respondido nos próximos filmes. Cabe a menção, que é válida, a mensagem que o
Izzy recebeu (a mensagem é o subtítulo desse texto), pois ela, por si só, deixa
bem claro que é preciso que os digiescolhidos superem suas próprias escuridões
se quiserem ir além do que já conseguem. É preciso que eles superem a si mesmo
para então atingirem um novo patamar, mas eles ainda são jovens e inseguros e,
aqui, isso é bem retratado com um Joe que não consegue ser tão bom quanto o
esperado dele nos estudos e mesmo assim se dedica a isso com todo o empenho
possível, chegando até a se afastar do seu parceiro Digimon, mais do que isso,
chegando até a questionar o porquê de ele ter sido um dos escolhidos. Por outro
lado, também temos isso na persona da Mimi, que é apenas ela mesma, impulsiva,
esbanjando a jovialidade e o egoísmo da juventude e isso, por muitos momentos
acaba trazendo problemas maiores que o esperado, como durante a batalha contra
o Ogremon, que ela quis mostrar que os digimons também podem ser bons e acabou
por derrubar um helicóptero da televisão. Vale também a ressalva, esse filme
também deixa mais evidente que a sociedade vê os digimons como uma ameaça em
potencial, mais do que isso os veem como inimigos e, como todos sabemos,
inimigos precisam sumir e nesse caso temos o setor que cuida de problemas
digitais, do qual a Himekawa faz parte, criando armas que possam ser usadas
contra perigos menores, o quanto isso será aprofundado, só os próximos filmes
dirão.
No mais creio que posso
dizer que o mérito, de um modo geral, é total do roteirista, pois ele criou um
episódio que dosa bem os momentos de seriedade com os momentos divertido. Até
porque, não tem como não rir muito com o Leomon tendo ataques de fofura ou não
sentir aquela sensação nostálgica ao ver o Gomamon e a Palmon evoluindo até
suas formas mega (enquanto Brave Heart toca ao fundo). Sério, tudo aqui parece
pensado por alguém que conhece bem a fórmula de chamar o novo público sem
afastar o velho, pois está tudo acertado no tom.
Considerações finais (Arrependimento mata, sério)
Após terminar esse OVA
tudo que posso dizer é: se há alguém que ainda não assistiu, assista! Não
porque eu estou falando, mas sim porque o material se provou melhor ainda em
seu desenvolvimento. Se o primeiro foi excelente, esse segundo não perdeu em
nada, apenas acrescentou e fez a história ficar mais interessante e instigante;
você passa a querer mais e fica ansioso pelo seguinte.
Mais do que isso,
assistir esse OVA meses depois que ele saiu me fez ficar ressentido por ter me
segurado tanto para assisti-lo e escrever sobre ele, mais do que a sensação de
atraso, fiquei com a sensação que quase perdi uma sequência que acrescenta,
muito, a seu antecessor por motivos da vida adulta. No final fico com a lição
pessoal de que não vale perder para minha escuridão ou para as dores passadas,
pois só quando ela é superada é que vemos o melhor do que há adiante.
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