Entre no Dohyo com sede de vitória
Admito, sem muito
orgulho, que não sei como começar esse texto de uma maneira empolgante. Não sei
bem o porquê disso, mas sei que esse foi um mangá que carregava uma imensa
descrença por minha parte.
Quando comecei esse ano,
sendo bem franco, não esperava me deparar com essa obra e, por consequência,
quebrar um imenso pré-conceito que eu tinha com o sumô, de um modo geral.
Depois de muita demora eis que, finalmente, trago a vocês o tão esperado (ou
não) eu recomendo de Hinomaru Zumou.
Então se sentem e peguem
seu guaraná bem grandão, porque esse será um texto bem voltado àquele conceito
que preguei no meu editorial de pré-conceito (não leu? Clica aqui e leia); sem
mais delongas... vamos ao texto!
Considerações Iniciais
Escrito e ilustrado por
Kawada, Hinomaru Zumou começou a ser publicado nas páginas da Weekly Shonen
Jump em 26 de maio de 2014 e segue até hoje, já contando com 12 volumes
encadernados. A obra não possuí um número expressivo de vendas, porém é muito
bem recebida pela crítica e por quem lê mundo afora; porém mesmo com essa boa
recepção ainda não possuí anime.
A obra conta a história
de Ushio Hinomaru, um jovem que almeja ser o Yokozuna do colegial, para que
assim possa adentrar no sumô profissional sem maiores problemas, uma vez que
ele possui apenas 1,60 cm. Durante o desenvolvimento da história conhecemos
outras pessoas que também gostam do esporte, ou começam a gostar pelos mais
diversos motivos e passam a almejar o topo nesse esporte.
Depois de mais um resumo
(porco) vindo de minha pessoa, vamos ao que motivou esse post, pois, afinal,
porque raios eu acabei lendo isso e gostando? Até porque, de um modo geral,
tenho a line-up inteira da Jump semanal para ler e escrever aqui no blog; dava
para escolher algo “melhor”, assim. Entretanto, quando comecei a ler a série
foi por um mero acaso e falta do que fazer, peguei por simples curiosidade e
encontrei mais do que esperava.
Não que seja fácil
admitir isso. Na realidade, não é, porém, é preciso ser justo e dizer que essa
é uma obra que tem certa excelência em tudo que faz ou se propõe. A obra possuí
personagens carismáticos, desde o Hinomaru até seus oponentes; possuí um bom
plot de desenvolvimento e, acima de tudo, tem um autor que fez o dever de casa.
Kawada se mostra um autor afiado no esporte (até onde apurei) e nos dá uma obra
que se sustenta naquilo que diz, nos dando uma nova visão do esporte que, até
então, temos um preconceito imenso.
E por falar no esporte...
usar o sumô como esporte base foi, de certa forma, uma sacada excelente, apesar
de seus riscos. É graças a isso que aprendemos mais das regras, dos conceitos e
da filosofia “corpo, espírito e técnica” (não necessariamente nessa ordem).
Essa filosofia que move a base do roteiro em muitos momentos, pois ela que rege
a evolução dos protagonistas e faz a nós, leitores, ter uma percepção mais fora
da caixinha sobre o que, na realidade, é o mundo do sumô e dos seus lutadores.
Esse não é mais um daqueles esportes que duram muito tempo até acabar; nele
temos uma luta de segundos, que acaba quando menos se espera.
Temos ranks que geram
arrogância dos seus competidores e dão uma hierarquia, a qual se deve total
respeito. É no dohyo onde esses personagens depositam toda sua coragem, força e
capacidade e isso que torna a obra tão impressionante.
Aqui não há divisão por
tamanho ou peso, propriamente dito. Essa é uma disputa voltada, totalmente na
raça; logo os desafios que o Hinomaru enfrenta visa bem mostrar isso, mas fora
ele, ainda temos um elenco de apoio bem legal e com uma construção formidável, ao
meu ver; temos desde o Oozeki, que já era amante do esporte e apenas evoluiu
ainda mais o que sabia; até o Kei, que é novato no esporte e, apesar de não
possuir porte, quer aprender e desenvolver mais. Fora eles, ainda temos uma
galeria de oponentes que, até onde eu li, não deve em nada aos adversários de
bons mangás de esporte. Tem desde o talentoso que não luta para que os outros
possam curtir o esporte, até os manos arrogantes e extremamente bons.
Afinal, vale a pena ler?
Sério, falei muito sobre
o esporte (mentira, me enrolei todo para enfatizar os porquês de eu gostar) e
no fim, novamente, não expliquei muito do porquê vale a leitura. Pois bem,
vamos lá.
Eu disse ali em cima que
essa é uma história que volta ao foco do pré-conceito e, sim, eu tinha esse
conceito pré-formado com essa obra. Acreditava, piamente, que obras assim eram
desinteressante e que não possuíam um ritmo que cativasse. Paguei com a língua
de um jeito único; mais do que isso, acabei por me cativar nessa obra a um
ponto que me enrolo para explicar o porquê ela é tão boa.
Essa é uma daquelas obras
que só conseguirão destaque forte se ganhar animê (o que é bem improvável),
caso contrário será algo que quem conhece ama, quem não conhece apenas julga
baseado em nada. Não vou pagar de moralista e falar que a obra não tem
defeitos, pois tem, mas ainda assim as qualidades acabam se sobressaindo.
No mais, essa é uma das
obras que indico para todos que querem sair da caixinha e ler algo sobre um
esporte subvalorizado por nós, ocidentais, mas que rende um roteiro bem feito,
com boas lições e sacadas. É algo único ler essa obra, e posso garantir que, se
você der uma chance, você irá se surpreender e devorar essa obra.
E, sendo franco, se esse
for o debut do Kawada na vida de mangaká... ele começou muito bem. Pode não ser
o melhor mangá da Jump, mas cumpre bem seu papel e ficará na história de mangás
para todos os públicos.
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