Às vezes é preciso pensar mais do que só por um dos lados, porque a briga é grande e cheia de pontos para análise de um modo geral.
Antes de mais nada,
quero apenas deixar registrado que a opinião nesse editorial não é do Dollars
em um todo, mas sim apenas a minha opinião pessoal (Minha = Paulo Ikari). Logo,
é possível que você não concorde com ela; devido a isso fique à vontade para
comentar e expressar o que pensa sobre o case.
Sem mais delongas,
vamos lá. No dia de hoje (leia-se nessa madrugada), algumas pessoas foram
surpreendidas com a retirada de alguns títulos da JBC dos sites de scan devido
a pedido da mesma. Logo a internet foi tomada por várias pessoas comentando e
gerando um mini caos (tem um post do mais de oito mil que ilustra bem a
situação, clica aqui e lê).
Porém entre mortos e
feridos, todos já tinham certa noção que em algum momento iriamos passar por
isso, em especial quem acompanhou a mesma cruzada feita pela Panini contra os
scans de quadrinhos. Em ambos os casos com certa razão, porque as empresas
possuem os direitos das obras que foi solicitado a retirada - o que, a ampara até judicialmente -, mas ainda assim o
buraco é bem mais embaixo.
Que fique bem claro,
não vou levantar bandeira em defesa de nenhum dos lados. Vou tentar iniciar uma
análise do copo meio cheio que é essa situação, pois temos o negativo do
negócio e o positivo – ok, que o negativo, a priori, parece ser BEM MAIOR,
entretanto vamos lá!
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Um meme para representar minha opinião sobre scanlators que querem a razão nesse debate |
O primeiro ponto que
devemos analisar sobre esse pedido da JBC é que muitos desses sites que alegam
serem “grátis” cobram vip ou monetizam de algum outro modo com esse material “de
fã para fã”. Isso, de um modo geral, é crime. Ponto. Não tem outro argumento
nesse sentido que alivie para essa galera; em especial por todos saberem que
pirataria é crime, em especial quando você lucra com material que é licenciado.
Além desse agravante, é necessário entendermos que, há vários casos que, sim, o
pessoal da tradução pode parar a tradução e incentivar o consumo do material
impresso; todavia é aí que, em alguns casos, mora o problema inicial disso,
pois há títulos que são fáceis de achar e também há aqueles que são licenciados
e são o olho da cara, devido a “raridade”.
Sim, não é regra geral
– e aqui talvez eu já tenha perdido a noção do texto -, mas é uma questão que é
comum em vários cases. Obras que estão com tiragens esgotadas e sem
reimpressão, dificultam o acesso a novos leitores que possuem interesse. Aí o
cara migra para scan como salvação. Eu mesmo me uso como exemplo nesse ponto:
só de título da JBC quero ler toda parte do Lost Canvas e do Lost Canvas
Gaiden, porém como não comprei quando saía, fico à mercê de mercenários livres
que cobram fortunas por volumes dados como raro; e é isso ou ler na internet...
logo é mais viável ler online, ou esperar uma reimpressão ou relançamento, o
que – de um modo geral – é inviável, a principio, por uma série de fatores.
Devido a isso ficamos
com esse problema de ter aqueles que recorrem à scans devido a oferta não
comportar a demanda e também tem aqueles que não tem condições de arcar com
gastos de mangás, em especial em tempos de economia complicada. Claro que, sim,
há aqueles babacas que podem comprar – que possuem a condição financeira para
tal – e não compram por pirraça, por não ser como eles QUEREM QUE SEJA! E esse
tipo de pessoa ferra com o mercado, mais do que isso, prejudica toda
possibilidade de novidades vir a serem publicadas.
Porém, entretanto,
todavia, não obstante... eu estou dizendo isso com base no pouco que
sei/entendo. Volto a repetir, não é minha intenção dizer tomar partido,
mas sim tentar explanar um pouco mais o que penso a respeito da situação; pois
eu mesmo leio scans de muitas obras, mas sempre que possível adquiro o material
licenciado. Gosto do material físico em mãos e prezo por isso, mas eu sou
aquele caso do brasileiro que pode e, mesmo assim, ainda priorizo muito o que
vou comprar (sinto que alguns amigos meus vão discordar, mas divago). Mas ainda
assim com a vida adulta os gastos deixam de serem apenas quadrinhos, mangás e
livros... eles viram algo supérfluo e outras coisas viram prioridade – roupas,
tênis, ternos e afins (sim, eu gasto com terno... that’s all folks); devido a
isso, por vários momentos acabamos migrando para leitura por outros meios,
muitos desses não legais. Mas isso não é porque não queremos o material físico e
sim porque, naquele momento, não há como comprar o mangá brasileiro.
Obviamente que, até
agora, falei pacas e não cheguei a uma conclusão exata sobre. E a favor da
editora JBC, que é o foco desse primeiro pedido – nada impede que a Panini e a
New Pop solicitem a mesma coisa, visto que sim, elas também podem fazê-lo -,
podemos dizer que a mesma trabalha para entregar o Henshin Drive, que é sua
futura plataforma para leitura online. Como disse o Farina mais cedo, quando
falei com ele sobre o assunto: “Pode ser que a JBC esteja com ele a postos para
lançar”, e isso é o que eu espero, pois assim teríamos um meio de ler de modo
oficial e, mesmo sendo pago, com tudo dentro dos conformes. Mas por hora, isso
é uma realidade distante, em especial por saber que a editora nada disse até então;
espero que no evento de Akira ela entre em maiores detalhes.
No fim das contas,
creio que sim, a editora está no direito dela – mais do que direito, ela está
judicialmente amparada -, porém é preciso entender que não se combate o
problema reprimindo ele a punho de ferro. Porque Scanlator é que nem hidra,
você arranca uma cabeça surgem duas no lugar, é algo que você não combate sem
planejamento e, um desses planejamentos é prover meios legais do consumidor
ler. Isso é tanto para JBC, quanto para Panini (com SEUS VÁRIOS TÍTULOS
ESGOTADOS) e New Pop. Porque quando tudo é pensado da melhor forma possível,
todos ganham; agora não dá é para solicitar retirada e quando procuramos os
meios legais o mangá está a preços exorbitantes e a editora não se pronuncia
nem sobre possibilidades de relançamento a médio prazo (sim, eu sei que em
vários casos é inviável, mas aí é preciso ver como dá para ajudar quem DESEJA
LER).
Off topic: Esse post é só um começo sobre todo esse ponto de debate. Quero ver a possibilidade de expandir mais e mais o debate, de um modo saudável. Logo, se você quer contribuir com o papo comente. E se você é de alguma editora, também se sinta livre para comentar e até deixar seu ponto de vista. (E sim, sei que ficou um texto meio bugado, e talvez eu não tenha conseguido me expressar 100% direito, mas em resumo apoio a ideia, mas quero mais amparo para acessibilidade ao público, porque assim fica mais fácil o povo, em um todo, tomar seu partido).
Comentários
Só isso mesmo.