Junji Ito provando que, realmente, é um mestre quando o assunto são bons contos de horror.
Vou começar esse
texto, parafraseando o que eu disse no instagram quando postei a foto do mangá:
“Quando a Darkside anunciou o lançamento
dessa obra de Junji Ito eu, honestamente, fiquei empolgado. Era a primeira
incursão minha em algo escrito por ele (...)”, sendo ainda mais preciso,
essa foi a primeira obra que desde seu anúncio me deu um hype imenso, pois já
ouvia muitos comentários sobre Junji Ito – tendo até lido matéria sobre “Uzumaki”
(obra mais conhecida dele) em revistas sobre animês e mangás.
Mas, após a leitura de
Fragmentos do Horror da Darkside, posso admitir – sem medo ou receio – que o
cara não é chamado de mestre à toa. Ele consegue emular bem o sentimento de
horror em suas páginas e nos transporta para dentro da atmosfera desejada na
narrativa. Mais do que tudo, Junji Ito é um monstro. E aqui ele nos dá uma palinha.
Antes de explanar
minhas considerações, vamos as apresentações; Fragmentos do Horror (Ma no
Kakera no original/ Fragments of horror em Inglês) é um mangá composto por 8
histórias curtas da autoria de Junji Ito. Originalmente, os contos, foram
lançados na Nemuki – da Asahi Shimbun – de abril de 2013 até abril do ano
seguinte. Convém mencionar que essa revista (que, atualmente, não está mais em
circulação - segundo minhas pesquisas pela internet) é shoujo e, pelo que
notei, lar de uma das obras conhecidas do Junji, que é Tomie.
Enfim, voltando aos
fatos, a obra saiu nos EUA pela Viz e aqui no Brasil, como já dito, saiu pela Darkside
em uma qualidade ótima, mas que já é padrão nos trabalhos da editora. Não que
seja ruim, pelo contrário, é algo que dá gosto de investir o dinheiro. Cabe mencionar que a capa possuí um efeito bem interessante, que só pode ser notado melhor quando se tem o material em mãos (se você passar em uma livraria e tiver, perca uns minutos analisando, você vai achar genial).
Agora, voltando ao
cerne do review, vamos falar do conteúdo/dos contos, certo? Certo!
Como eu disse lá em
cima, Junji Ito não é um mestre à toa. Ele tem talento latente para te assustar
e criar boas narrativas, e isso é algo que impressiona, de um modo geral. O
trabalho de condução ao momento de tensão é digno de levar a marca de horror, pois
te dá aquela sensação de choque, até uma certa surpresa. É, em suma, algo
esperado e inesperado ao mesmo tempo e de modo que agrada.

Mas, bem, vou deixar
de enrolação e comentar os contos de um modo geral, até porque se eu falar
demais sobre eles eu estrago a surpresa que eles possuem.
Dentre as 8 histórias
eu divido entre as 4 que mais assustam e as 4 que menos assustam. As que menos
assustam, para mim, são: “Futon”, “Tomio – Gola Rulê vermelha”, “Suave adeus” e
“a mulher que sussurra”; já as que assustam são: “Monstro de Madeira”, “dissecação-chan”,
“Pássaro Negro” e “Magami Nanasuke”. Não que eu classifique nessa ordem as
obras que assustam ou não, mas a divisão é essa.
Das que não assustam,
destaco a segunda história na minha lista (Tomio – Gola Rulê vermelha), pois
ela pode não assustar – muito –, mas dá uma aflição em alguns momentos que,
sinceramente, é agoniante. É algo extremamente tenso o decorrer da narrativa,
porém podemos culpar o Tomio, por sua habilidade em ser mulherengo e não ter
limites. Fora essa, as outras possuem bons momentos e uma tensão, mas nada que
você realmente se surpreenda; elas apenas cumprem seus papéis de histórias
curtas, mantendo quem lê preso, folheando as páginas com voracidade.
Já das que assustam...
é, acho que posso começar pela que, para mim, dá mais aflição. Vou começar por
dissecação-chan. Porque essa, meus amigos, é a história com o plot twist que dá
mais sensação de choque. A página dupla usada para revelação é PERFEITA e, não
importa quantas vezes eu leia, surpreende. Sem contar que, a história é interessante
e, dentro da proposta, conta bem a história dentro do que se espera; Pássaro
Negro é a segunda que mais me surpreendeu por ter, de um modo único, uma
atmosfera que te dá, de certo modo, nojo, mas para entender o porquê, terão que
ler.
Fora essas duas, as
outras são boas, porém só dão aquele susto nas cenas chave da one-shot. Saindo
dessa cena, são histórias competentes e que, como todas dentro desse mangá,
cumprem sua função narrativa.
Claro que, aqui é
válido dizer que, provavelmente, o maior acerto do autor é saber trabalhar com
as sensações que o mangá (ou qualquer obra de literatura, quer seja quadrinho,
livro, BD e etc) pode te proporcionar. Ele sabe, desde o primeiro momento, que
precisa te prender e te conduzir e ele faz isso com maestria; sempre tendo o
momento chave a postos para o clímax da história.
Dá para dizer que isso
é friamente calculado, mas quando paramos para analisar bem é a mais pura
habilidade para narrativa de terror. O cara já tem um curriculum antes dessa obra
e, mesmo sendo criada após um período de histórias mais slice, Fragmentos do
Horror prova que temos um autor que não se apega a glórias do passado e, sim,
consegue ser competente no que se propõe a fazer.
No fim, sendo bem
direto e objetivo, posso apenas dizer para vocês correrem e comprarem! A obra
vale cada centavo que é cobrado e, se você garimpar bem, você acha com desconto
bacana. Contudo, acreditem no Tio Ikari, corram porque isso é quase obrigatório
na estante não só de quem curte bons mangás de terror, como de todo fã de uma
boa leitura do gênero. Junji Ito é o nome do horror, se ele tiver um e esses
Fragmentos são profundos e assombrosos, logo apenas se deixe levar por eles e
mergulhe no mar do horror que as histórias irão te proporcionar.
Off tópic: Enquanto pesquisava sobre o mangá achei essas imagens e, achei interessante deixar para vocês verem a criatividade.


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