Quando a expectativa se torna apenas mais uma receita seguida à risca...
Sendo bem direto,
preciso admitir que detesto ler one-shots de obras que serão publicadas em
ritmo normal, quer seja semanal, quinzenal, mensal, bimestral, etc. É algo que,
em vários casos, gera frustração quando se compara as versões e, de um modo
geral, acaba não sendo aceitável/viável para popularidade de uma obra. Quando
comentei sobre Hungry Joker do Yuuki Tabata (se ainda não leu, leia aqui)
deixei isso, de certa forma, evidente – afinal, havia um potencial tão bonito
na one-shot e o Tabata-sensei saiu daquela formula para tentar algo novo,
acabou que deu o resultado que vimos.

Escrito e ilustrado
por Osuka Gen, a obra começou com uma one-shot e, devido a boa aceitação, virou
série que começou a sair na issue #48 da Jump (explicando: a Weekly Shounen
Jump tende a sair nas lojas às segundas, porém quem assina a revista recebe ela
na 5ª feira da semana anterior. Exemplo – a Issue #48 chega nas bancas segunda
que vem, dia 30, porém para os assinantes chegou ontem dia 26). Cabe mencionar
que – particularmente falando – curti mais a pegada que a one-shot teve do que
esse primeiro capítulo (não que a intenção seja comparar, mas vou acabar
fazendo isso até por já termos uma base prévia).
Mas vamos lá, o que
posso dizer da série sem que pareça que sou só mais um cara chato que acha
bonito criticar a esmo? Até porque, quem gostou da obra, seguirá gostando,
porém é um desperdício de one-shot ter voltado a focar em algo como a infância
do protagonista. Isso só serve para criar um enredo enche linguiça e dar time
skip. O Noah foi um protagonista que conseguiu se mostrar melhor desenvolvido e
trabalho na one-shot e isso se deu, justamente, porque a série casava bem com
tudo, até o fator surpresa foi bem utilizado e aqui, tudo é meio sem empolgação
e feito para ser um capítulo empolgante, mas que não cumpre isso.
Em suma, é uma
história que poderia ser mais e não é. O motivo disso não dá para saber
exatamente, mas eu poderia julgar que tem dedo do editor envolvido, em especial
no quesito humor, pois o que não temos de humor na primeira encenação da série
aqui tem para dar e vender, desde o conceito de cientista atrapalhado até o
protagonista que é A CARA DE TODO PROTAGONISTA DA SHOUNEN JUMP! Sério, curto
pacas os mangás do carro-chefe da Shueisha, mas os autores precisam começar a
ter originalidade e parar de querer ser o novo “One Piece”, “Naruto”, “DB”, e
tantas outras obras de sucesso e começar a galgar seus passos. Sei que posso
estar me equivocando, mas é essa a sensação que tenho quando vejo esses mangás
formula do bolo 100% feita. Sabemos que as chances de render são grandes, mas é
um potencial de boa história desperdiçado.
Sei que estou só
reclamando do roteiro e afins, mas podemos dizer que temos personagens legais.
Tanto o Noah quanto o Lamech são divertidos e mostram que tem muito a oferecer,
mas ainda assim os achei uma casca de estereótipos que precisam se desenvolver
mais como personagens, precisam crescer e mostrar tudo que são feitos, afinal
houve os momentos de acertos dentro dos experimentos do cientista atrapalhado
(que é o Lamech); já no caso do Noah fiquei triste ao ver que, logo de cara, o
autor joga para o alto a surpresa dele ser um Golem, em especial para quem não
leu a One-shot. Mas isso é mais frustração de leitor do que qualquer coisa,
então ignorem.

No fim, reclamei mais
que tudo e até despejei certa frustração, contudo devo admitir que a série
regular tem seu charme - claro que eu ainda prefiro a história curta, em especial
por ela conseguir aguçar mais a curiosidade –, mas podemos dizer que esse foi
um bom começo. Só torço para o Gen-sensei não demorar muito para seguir rumo a
um primeiro time skip, pois assim ele poderá explorar melhor os elementos que
ele já deu aos seus leitores anteriormente.
No mais recomendo sim
a série para quem curte um bom shounen padrão. Ele tem boas cenas, um humor
padrão e tudo nos conformes de um shounen mangá; só espero que ele não tenha o
mesmo fim que Hungry Joker teve... mas o começo, pelo menos ao meu ver, está na
mesma pegada (uma one-shot empolgante e um capítulo inicial bem morno).
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