Porque falar sobre a obra apenas uma vez não é suficiente, logo vamos comentar ainda mais sobre esse mundo louco, porém maravilhoso!
Sei que, sim, já falei
da obra antes (vocês podem ler, clicando aqui... ou lerem sobre Shounen Shoujo
clicando aqui). Sei que já fiz um textão para contar minha experiência – como fã
– com esse mundo louco que NisiOisin criou, mas fiquei devendo explicar um
pouco mais sobre os meus capítulos favoritos. Comentar um pouco mais sobre
aqueles capítulos que, para mim, foram chaves para tudo que veio depois (ou que
elucida tudo que veio antes, vai do momento).
Pois bem, enfim estou
cumprindo isso e, abaixo, vocês saberão um pouco mais sobre cada capítulo, ou
sequência que escolhi. Vale mencionar que não coloquei em numeração de 1º a 5º,
mas fui por ordem cronológica, até para que vocês – leitores – não fiquem tão
perdidos nessa maluquice. Enfim, vamos prosseguir! Let’s Go!
PS: 『quando eu cheguei as ideias já estavam assim, então não é minha culpa pelo que virá』
PS 2: Irei nomear os capítulos da mesma forma que eles são nomeados (ou seja, ao invés de capítulos, serão sugestões).
55ª e 56ª Sugestão – “Você fez uma coisa ruim” & “Eu sou seu senpai do
secundário”
Admito que, de uma
análise geral, há outros capítulos que me chamam atenção antes desse. Daria
para colocar, tranquilamente, a luta contra o Unzen, a explicação sobre os
anormais e até a primeira batalha da Medaka vs Zenkichi, mas preferi essa
sequência de capítulos por um fator muito simples. Um fator chamado Kumagawa
Misogi.
Não dá para começar
meu top sem mencionar o personagem que fez eu me interessar pela obra e, por
consequência, me deu um dos melhores arcos que eu já li na minha vida. Me
arriscando a ir além, não dá para dizer que esses dois capítulos não trazem o
que instiga alguém, em especial o 55 que é justamente onde o animê acaba. A
última página é EXATAMENTE o último momento do episódio 11 (lembrando que o
episódio 12 é uma das partes do Good Loser Kumagawa), logo o 56 é continuação
daquilo. É a apresentação daquele que, de modo único, é o
completo oposto do protagonista. É a personificação da negatividade e,
incrivelmente, é o personagem que mais nos traz o princípio de quebra da 4ª
parede; nos entregando momentos excelentes.
A primeira aparição do Kumagawa traduz bem o medo que ele transmite por suas habilidades. E os diálogos dele soam fora do que suas atitudes dão a entender. E é isso que torna esses dois capítulos tão especiais.
Mas o 55 tem um porém,
que é o final da luta entre a Medaka e o Miyakonojou e, é nessa batalha, que
conseguimos ter uma dimensão do quão monstruosa é nossa protagonista no quesito
de poder. Afinal de contas, abrigar um “monstro” dentro de si é impressionante
por si só, tal qual a habilidade dela, o “The End”.
No geral, esses dois
capítulos são o fim de um arco e começo de outro, porém prefiro apelida-los
como prenúncio para um senhor arco, ou seria melhor dizer... uma incrível
quebra de tudo que acostumamos.
88ª – 92ª sugestões: “Bom ver você”, “E só tem
uma regra”, “Agora e a muito tempo atrás”, “Se existir uma diferença” & “Disseram
para mim que seríamos iguais algum dia”
Na sequência anterior
eu comentei que gosto dos capítulos em questão devido a eles serem o começo de
algo incrível e diferente, certo? Então... podemos dizer que essa imensa
sequência é o fim de tudo isso e, bem, vou tentar contextualizar tudo que
ocorreu para conseguir explicar meu amor por essa sequência e, mais do que
isso, exprimir o quanto eles têm um significante para mim.
Comecemos com a
questão de que o Kumagawa é, em suma, o caos. O mais completo e perfeito caos,
ou mais do que isso; ele é a junção da negatividade bruta com o caos exagerado.
Ele é a antítese do herói, o monstro que todos possuímos em algum momento de
nossas vidas. A perfeita alegoria de personagens que quebram a quarta parede e
nos fazem ver que, talvez, a história não seja o preto no branco que pensamos.

Podemos dizer que, a
desconstrução do shounen em narrativa, é tão grande que temos, inclusive, a
quebra do arco de treinamento. Temos a quebra do ideal de shounen mangá base,
para uma visão mais negativa. Em suma, temos um personagem que cria um “inferno”
visando “vencer” mesmo sabendo que irá “perder”. E, sinceramente, perder aqui
acaba sendo um dos menores pontos, em especial quando chegamos no ponto desses
capítulos.
Podemos dizer que,
aqui temos vários momentos da “verdadeira face do Kumagawa”. Temos o “vilão”
sem mascará e de peito aberto para enfrentar o herói. É aqui que compreendemos
um dos maiores “clichês” shounen e temos ele jogado na página como uma virgula
narrativa.
Além de tudo, ainda
temos um confronto que possuí uma condição bem interessante para o fim dele,
fora a batalha que vai muito além do “eu venci”, pois vemos o quanto as
questões de ganhar ou perder são ínfimas perto da condição de ser protagonista
e de ter apoio de todos que os cercam. No fim da batalha muito aprendemos e
então temos a inserção efetiva daquela que nos gera a maior crítica ao shounen
mangá.
138ª – 140ª sugestões – “Se você deseja mudar a
Medaka-chan”, “Eu pensei que era errado eu viver” & “A vida é épica”
Já pensaram em ver um
protagonista como vilão? E quando eu digo vilão, não é ele sendo mau pacas e,
no fim, virar bom. Digo vilão no sentido de ser desconstruído em um nível
que te faz achar ele extremamente fdp. É, basicamente, isso que o Nisio faz no
arco que pega esses três capítulos.
Ele, em essência, nos
entrega o lado detestável da Medaka, nos faz ver o quão “cruel” ela é com as
pessoas devido a sua condição “anormal”. Podemos dizer que, de modo geral, este
arco nos dá muitas críticas ácidas ao mercado shounen, desde sua estrutura, até
em como decidir que, dentro da história, é popular. Tudo isso referenciando várias
coisas, polvilhando citações e momentos que nos fazem olhar e fazer aquele “wow”
de espanto. É isso que, resumidamente, é o arco do 100º presidente de Hokinawa.
Mas esses capítulos
que escolhi possuem um significado imenso para mim. Eles possuem uma crítica
que, ao meu ver, ecoa além de críticas ao sistema shounen. Ele nos tira do
conforto de está tudo bem e vida que segue. Ele nos torna cativo daquilo e,
enfim, nos faz entender direito como o que é Medaka Box. É ali onde temos o
coração de tudo que foi construído lá atrás.
Posso dizer, sem medo,
que só atualmente que consigo ler os discursos sem sentir um super tapa na cara.
Sem surpresas, pois, de certa forma, já destrinchei tudo aquilo a minha maneira
de entender. Ler cada um dos dois
discursos “normais” e críticos me faz notar o quão somos dependentes de um
sistema que, por vários momentos, é falho. É burro. E nos polariza (e sim, sem
virgulas).
Ler as cinco not
equals mostrando o quão burro é abrir mão da opinião de um todo por questões de
rankeamento, de melhor ou pior, de 1º ou último nos leva ao questionamento.
Mais do que isso nos dá uma primeira impressão do que ainda poderia estar por
vir. O Zenkichi segue com um discurso que, sinceramente, é um esporro. Esporro
contra a dependência desse sistema. Contra a mania que temos em depender
demais dos outros ou ficarmos inertes a algo, quando podemos fazer por nós
mesmos. Isso remete muito, no meu ver, àquelas pessoas que nunca conseguem algo
e culpam mundos e fundos quando, na realidade a culpa é sua.
Desde o começo temos uma protagonista que se faz presente, que se levanta em defesa de todos. Ela é a personificação do que é perfeito. Do sistema que não há por que reclamar, mas é certo dependermos disso por toda vida? É certo jogarmos tudo nas costas de uma única pessoa porque ela tem um coração de ouro? É certo? Esse é o principal questionamento que os dois discursos entoam. Essa é a entonação normal...
O discurso da Medaka
é, de modo simplista, a mesma base. Mantenham o padrão. Confiem em mim. Deixem
de se responsabilizarem por tudo e só se joguem. É um discurso bacana, porém
evoca o comodismo. É a anormalidade que ressoa perto da normalidade. É o
monstro perto dos que são simples pessoas. É a divindade perto dos mortais. É algo
estranho... até destoa de tudo que vemos até ali.
A resposta a esse
discurso, dentro da série, não poderia ser mais óbvia. E quando essa resposta é
dada, vemos que ainda há esperanças. Vemos que há chance de reformar até quem
reforma e tornar tudo ainda mais incrível. O auge dessa sequência começa aqui
e, de modo geral, é impactante. Afinal é válido mencionar que, foi nessa época
que o animê estava para estrear e a Ajimu havia prometido acabar com o mangá
antes do animê, fazendo uma incrível quebra de quarta parede. Fora isso, quem
consegue imaginar uma crítica ao cenário de rankeamentos por popularidade em
uma revista como a Jump, que é a maior dependente desse sistema.
Basicamente eu, depois de anos, entendo essa crítica a esse sistema viciado. Indo além vejo como uma crítica para que venhamos melhorar como pessoas e avançar. Porque, é para frente que se anda, e não guardando maus sentimentos e culpando alguém. É preciso ir além e isso nos é entregue nesse auge.
Após ele temos o
momento que dá explicação ao nome do capítulo 140 e, mais do que isso, ao
volume 16. Temos a enfática frase “a vida é épica” e é uma frase que eu – Paulo
Ikari – concordo, pois não importa o quanto tudo seja difícil, ainda podemos
avançar, desbravar mais. Quer tenhamos 10, 20, 30, 300 anos. Somos mais do que
números, mais do que o que acreditam que somos. E é isso que ganhamos na ideia
desse capítulo, ganhamos um pensamento de suportar as maiores lutas visando
sempre um amanhã melhor. Ser maneiro é o que, talvez, baste por agora sabe.
168ª Sugestão – “A primeira e única ação tendenciosa”
Vamos começar falando
daquele capítulo que, em partes, carrega um feels lindo e, em outra, carrega o
melhor momento do Kumagawa com a Ajimu. Vamos falar sobre essa ação tendenciosa
que, para mim, foi a melhor coisa que poderia ter ocorrido, em especial quando
notamos que tudo aqui tem um peso maior do que o esperado.
Primeiramente é
importante mencionar que, sim, esse capítulo se passa após conhecermos o Ihiko
e sabermos que a habilidade dele é não permite que seja desfeito o que ele
fizer. Ou seja, ferimentos não são curados e mortes não são reversíveis – coisa
que, até aqui, sempre foi possível. Logo é um capítulo que tem seu teor de enfim podemos prestar aquele momento póstumo a quem morreu, mas é a pessoa que
faleceu quem rouba a cena nesse capítulo.
Temos dois enfoques
aqui, primeiro no Kumagawa conversando com uma gravação programada da Ajimu, o
outro é o Zenkichi relembrando o primeiro dia que conheceu a Shiranui e, em
ambos casos, temos excelentes momentos e sacadas. Temos um Kumagawa que, por
mais maneiro que seja, está deprê e segue no seu pessimismo de “não posso
vencer”. É aqui onde temos uma frase motivacional bonita, onde temos aquele
momento que quebra nossos coraçõezinhos, nos deixando a mercê daquele momento.
Já no caso do
Zenkichi, conseguimos entender melhor como ele conheceu a Shiranui e também
vemos o quão importante ela é para ele. Ela é uma amiga que não dá para
substituir e, devido a isso, ele não tenciona abrir mão. Ele quer salva-la,
independente do quanto isso lhe custe. É bonito, tocante, porém não é aquele
peso de emoção como o momento do Kumagawa, mesmo que nos mostre um lado legal do
nosso co-protagonista.
185ª Sugestão – “Um mais Um é”
Vou encarar um fato
que, até hoje, eu não trabalho para admitir. Nesse capítulo eu chorei e não foi
uma vez. Devo ter lido ele tantas vezes quanto é possível se ler um capítulo e
ele, sempre, figura como um dos meus capítulos favoritos, pois seu ensinamento
me lembra muitas pessoas. Mais do que isso, ele me lembra todos que já cruzaram
minha vida.
Se eu perguntar quanto
é 1+1 a resposta será a padrão, mas aqui essa simples questão entra em um ponto
além. Entra na questão de relação interpessoal, em relação à crescimento como
pessoa, isso enquanto vamos avançando. Essa é a sacada genial que torna esse
capítulo ainda melhor que a tríade 138 ao 140.
Mas vamos do início,
vamos começar mencionando que, conforme o esperado, temos a derrota do vilão
antes desse capítulo. Mas temos uma derrota que foge do comum. Ele não é vencido
por golpes soco ou chute, afinal, como se derrota a violência pura assim? Ele é
vencido pelas “palavras”; mesmo que golpes não o atinjam, a palavra certa, o
estilo de fala correto, vence qualquer adversidade, pois, como já me disseram,
jeito certo de falar abre as portas e evita contendas desnecessárias.
Contudo temos um problema
que exige um esforço para ser solucionado e, após isso adentramos esse
capítulo. Adentramos primeiro em um discurso voltado para relações interpessoais
e outro que visa motivar.
O primeiro deles é,
basicamente, a resposta mais clara a um questionamento tão simples, que é o
1+1. É aqui onde vemos um Zenkichi explicar que aprendeu isso após muito
conviver com a Medaka, ele expressando que, sim, as relações interpessoais vão
muito além de um simples um mais um, pois somam mais e mais. Em suma, são
relações que fazem bem, logo só trazem mais e mais coisas boas. São os bons
momentos que devemos valorizar e viver cada dia a mais, afinal, é para isso que
crescemos. Para cultivar laços e nos tornarmos pessoas melhores.
O discurso do
Kumagawa, por sua vez, apresenta o velho pessimismo dele, mas há algo que vai
além. Ele nos dá uma noção de esperança com seu discurso todo às avessas, nos
fazendo ver que independentemente do quão desesperadora sua situação for, ela
pode melhorar. No fim ele ameaça de espancar quem disser o contrário e, nesse
momento, é que uma frase do 168 faz TODO O SENTIDO e nos traz lágrimas. Ok que
a situação em questão era esperada, porém tem toda uma questão do Kumagawa ser
azarado e sempre apostar no que não acontece. É aqui que você se pega olhando
para a tela, com lágrimas e dizendo “putz! Valeu a pena ter seguido até aqui”.
Nesse ponto você consegue
ter a plena consciência de que as relações que criamos, as somas pessoais que
fazemos hão de seguirem nossa vida para sempre, pois é graças a elas que
conseguimos chegar até aqui, porém também temos crescimento de que o
impossível, sim, é possível. Tudo se torna questão de perspectiva. De quem
queremos ser e onde queremos alcançar. Um mais um é muito além de simples dois.
Vai da sua visão, do seu crescimento e da sua própria libertação de si mesmo.
Essa é a lição que, em suma, a série passa a seu modo.
E esse capítulo é o ápice de toda essa ideia. É o perfeito auge e teria sido o perfeito final, mas foi preciso toda parte de finalização mais fechada. Perdoo o NisiO por isso, mas ainda assim, aqui é o marco perfeito para quem deseja analisar a perspectiva do que a série passa.
E esse capítulo é o ápice de toda essa ideia. É o perfeito auge e teria sido o perfeito final, mas foi preciso toda parte de finalização mais fechada. Perdoo o NisiO por isso, mas ainda assim, aqui é o marco perfeito para quem deseja analisar a perspectiva do que a série passa.
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